CBHA
 
 
   
   
     
 
 
     
     
     
 
  APRESENTAÇÃO
   
 

As últimas gerações de historiadores da arte vêm assumindo variados rumos e modos de lidar com a escrita sobre a arte e suas relações com a vida, redimensionando as práticas das histórias das artes que, cada vez mais, afirmam pluralidades de abordagens e posturas menos unidirecionais, alargando horizontes e construindo diálogos mais próximos com outras disciplinas. Mantendo suas particularidades e densidades, histórias da arte, incluindo crítica e teoria da arte, ampliaram sua visadas por sobre seus objetos, métodos e questões, transpondo suas tradicionais formas de atuação e eleição de focos de estudo. O próprio objeto artístico ganhou outras nuances, adquirindo diferentes prerrogativas, na medida em que alguns olhares se sensibilizaram pelo trabalho artístico contemporâneo, o qual dilui fronteiras disciplinares e esgarça filiações e pressupostos teóricos que transpõem suportes, linguagens e estéticas tradicionais, colocando a arte em dimensões outras. Estamos vivenciando um momento importante. A revisão da disciplina se estabelece com novas ações que exercitam diferentes estratégias de atuação no ofício de escrever a história da arte.

O tema do XXXII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte - “Direções e Sentidos da História da Arte” - foi motivado pelos 40 anos desta entidade, fundada em 1972, que vem desempenhando papel relevante na difusão do conhecimento em História da Arte, através da realização sistemática de eventos científicos e da publicação regular dos trabalhos ali apresentados, configurando-se como um núcleo privilegiado de discussão sobre os caminhos da história da arte, tanto no Brasil quanto em outros países. Os principais historiadores da arte brasileiros constituíram e constituem a memória do CBHA e não se pode pensar em história da arte no Brasil sem a participação dos membros dessa entidade. Seu próprio fundador, professor Walter Zanini, falecido em 23 de janeiro de 2013, é prova inconteste dessa relação.

A atuação múltipla e qualificada do professor Zanini foi de fundamental importância para a consolidação do campo da arte no Brasil. Seu legado compreende pesquisas e publicações referenciais, direção marcante do Museu de Arte Contemporânea da USP, curadoria de exposições memoráveis e visão institucional profícua e duradoura. Graças à sua perseverança, estabeleceu-se, no Brasil, uma rede de pesquisadores em arte que se fortalece continuamente. Mais do que isso, Zanini foi um autêntico mestre, formando e inspirando novas gerações de historiadores da arte a desenvolverem um caminho autônomo e original. Fica aqui nossa homenagem.

Retomando o XXXII Colóquio do CBHA, seu tema teve como propósito discutir qual a posição da História da Arte hoje no Brasil, enquanto conhecimento privilegiado sobre a produção artística. Buscou-se interrogar quais direções a disciplina está tomando diante do amplo campo transdisciplinar que se apresenta e da contestação de uma visão universal da arte. Novos sentidos metodológicos em circulação apresentam-nos desafios que exigem uma pluralidade de abordagens conceituais e, ao mesmo tempo, uma atenta reflexão sobre as especificidades da História da(s) Arte(s).

O Colóquio foi composto por mesa comemorativa dos 40 anos do Comitê Brasileiro de História da Arte, conferências de convidados estrangeiros e brasileiros, e sete sessões temáticas coordenadas por membros do CBHA. Entre os convidados, contamos com a participação de Marie-José Mondzain (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - EHESS, pesquisadora do CNRS), Jean Galard (Criador e chefe do Serviço Cultural do Museu do Louvre entre 1987 e 2002), Thierry Dufrêne (Université de Paris Ouest Nanterre La Défense, secretário científico do CIHA), Bertrand Tillier (Université de Bourgogne, Diretor do Centro Georges Chevrier/UB CNRS), Edgar Vidal (Centre de Recherche sur les Arts et le Langage [CRAL]), Daisy Peccinini (USP) e Annateresa Fabris (USP). A todos agradecemos a contribuição para o debate e o efetivo intercâmbio entre instituições e pesquisadores. Os textos de suas conferências são agora publicados em suas versões originais.

As sessões temáticas reuniram pesquisadores membros ou não do CBHA, doutorandos e mestrandos. A partir de 2010, passamos a estruturar os colóquios abertos por meio de sessões temáticas propostas e coordenadas por membros do CBHA. Coube aos coordenadores de cada sessão temática selecionar as comunicações que foram apresentadas no XXXII Colóquio, respeitando-se o limite máximo de 24 comunicações por sessão. Ressaltamos ainda que as propostas de sessões temáticas passaram pelo crivo do Comitê Científico, eleito em Assembleia e composto pelas professoras Ana Maria Tavares Cavalcanti (UFRJ),
 Ana Maria Albani de Carvalho (UFRGS), 
Denise Gonçalves (CBHA) e
Raquel Quinet Pifano (UFJF). Foram aproximadamente 210 submissões de propostas, advindas das mais diferentes regiões do país.
Nesses anais mantivemos a organização dos textos de acordo com as sessões, a saber:

1. Arte Contemporânea e suas instituições: discursos, difusão e colecionamento, coordenada por Ana Maria Albani de Carvalho (UFRGS) e Emerson Dionísio de Oliveira (UnB);
2. Arte do século XIX: Novas leituras, coordenada por Arthur Valle (UFRRJ) e Maraliz Christo (UFJF);
3. Do pictórico ao digital: a paisagem representada, capturada e imaginada, coordenada por Carlos Gonçalves Terra (UFRJ); José Augusto Avancini (UFRGS); Neiva Maria Fonseca Bohns (UFPel);
4. Espaços na história da arte: reflexões e caminhos para pensar objetos e(m) lugares, coordenada por Denise Gonçalves e Marize Malta (UFRJ);
5. História da Arte: revisões teórico-metodológicas, novos desafios, pesquisas e narrativas, coordenada por Almerinda da Silva Lopes (UFES) e Maria Lúcia Bastos Kern (PUC-RS);
6. Iconografia política, coordenada por Elaine Dias (UNIFESP) e Jens Baumgarten (UNIFESP);
7. Pensar (o) abstrato: modos de ver e compreender a abstração no Brasil e no exterior, coordenada por Ângela Maria Grando Bezerra (UFES), Maria de Fátima Morethy Couto (UNICAMP) e Maria Luisa Távora (UFRJ).

Agradecemos a todos os coordenadores por seu empenho e contribuição para o aprofundamento de questões fundamentais para a discussão da história da arte hoje.
Pela primeira vez um colóquio do CBHA foi realizado em Brasília, permitindo ampliar a difusão das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na região e na própria Universidade de Brasília, instituição que acolheu o evento. Destaca-se que o XXXII Colóquio do Comitê ocorreu no momento de implantação na UnB do novo curso de bacharelado em Teoria, Crítica e História da Arte (2012), com 80 vagas anuais, além dos cursos regulares de Artes Plásticas, somando-se aos já XX cursos de graduação em História da Arte que vêm sendo implantados nos últimos XX anos pelas universidades do país. A universidade conta ainda com o Programa de Pós-graduação em Artes (mestrado e doutorado), o qual possui uma linha de pesquisa em Teoria e História da Arte. Coincidentemente, comemorava-se os 50 anos da fundação da UnB, o que conferiu ao XXXII Colóquio caráter especial para comunidade acadêmica local.

O colóquio foi aberto à participação de ouvintes e contamos com um público expressivo, formado por alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação do Instituto de Artes (IdA), estudantes de diferentes unidades da UnB, bem como de outras universidades, além de artistas e pesquisadores da região e membros da comunidade externa (inclusive de outras cidades e estados). Contamos também com significativa participação dos estudantes do IdA na parte de monitoria e de apoio ao evento. Merece registro o apoio que obtivemos do corpo docente do IdA, em especial dos professores Maria Beatriz Medeiros (coordenadora do Programa de Pós-graduação em Artes), Pedro de Andrade Alvim (chefe do Departamento de Artes Visuais), Vera Marisa Pugliese de Castro (coordenadora do curso de graduação em Teoria, Crítica e História da Arte) e Cecília Mori Cruz (coordenadora do Espaço Piloto do Ida).

Muito favoreceu o sucesso do evento o fundamental apoio financeiro da CAPES, do CNPq e da FAPESP, além de diferentes auxílios da UnB, ressaltando-se aqui o Programa de Pós-graduação em Artes, a quem deixamos fortes agradecimentos. Ativa e incansável, merece destaque a atuação de Denilda Bortoletto, que cuidou do transporte e hospedagem de todos os convidados, bem como de Octávio Augusto Bueno Fonseca da Silva, que coordenou todos os contatos entre os membros do CBHA e a comissão de organização, e de Ivan Avelar, responsável pela identidade visual do evento.

O retorno acadêmico do colóquio foi muito significativo, tanto pelo intercâmbio promovido entre pesquisadores de destaque de diferentes regiões do país e do exterior, quanto pelo estímulo proporcionado para a pesquisa na área de artes em função dos trabalhos apresentados e do debate ocorrido em plenária. A história da arte no Brasil, assim, ganha em consolidação, fortalecimento e densidade.

Nesse sentido, podemos afirmar que o XXXII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte foi um momento privilegiado de debate e reflexão, oferecendo novas perspectivas de leitura e análise para o campo da história da arte no Brasil, bem como outras direções e sentidos diante dos desafios da contemporaneidade, que seguem registradas nos textos aqui reunidos Desejamos a todos, prazerosas leituras.

Ana Maria Tavares Cavalcanti
Emerson Dionísio Gomes de Oliveira
Maria de Fátima Morethy Couto
Marize Malta

 

   
   
 
     
     
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